Evocação de vivências análogas às de todos nós

Antesmente eu tentara coisificar as pessoas e humanizar as coisas. Porém humanizar o tempo! Uma parte do tempo? Era dose. Entretanto eu tentei. Pintei sem lápis a Manhã de pernas abertas para o Sol. (...) eu aprendera que as imagens pintadas com palavras eram para se ver de ouvir. Então seria o caso de ouvir a frase pra se enxergar a Manhã de pernas abertas?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A namorada

A carta, a pureza, a inocência



Lembrei de outras coisas, que me aconteceram quando criança, mas que preferi deixar passar...
Por vezez o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira

Chegou
Antes

Antes ainda
A dúvida

Mantivemos os elementos do texto: as cartas, a árvore e o muro.
A aflição para receber a carta por outro lado receber a correspondência ganhou vários sentidos aquela tarde e continuaria se agregando muitos outros se continuássemos destrinchando o texto, nossas conversas e outras interações com o espaço.












Ouvir Amor de Buzu

Difícil de mandar recado pra ela
         Não existia e-mail 


imagens sonoras

 namoro escondido


A namorada
Manoel de Barros

Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.

Texto extraído do livro "Tratado geral das grandezas do ínfimo", Editora Record - Rio de Janeiro, 2001.

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